BARRIGANA 1922-2007 Nome: Frederico Barrigana «Mãos de Ferro»: era assim conhecido. As mãos enormes, os braços compridos, o estilo espectacular, a irreverência incontrolável: tudo isto fez de Frederico Barrigana uma das grandes figuras do futebol português e da Selecção Nacional. Vindo de Alcochete e do Onze Unidos do Montijo, foi no Sporting que começou por tentar a sorte, à sombra do enorme Azevedo que não regateava elogios às qualidades do rapazinho. As oportunidades, no entanto, não surgiam. Nesse tempo, Azevedo era pura e simplesmente inamovível. E as relações entre os grandes clubes cavalheiresca e bem diferente de hoje em dia. Confrontado com o desaparecimento de Béla Andrásik, guarda-redes húngaro ligado a organizações anti-fascistas que fugira de Portugal perante as pressões da PIDE, o FC Porto pede Barrigana emprestado ao Sporting por uma época. Ficaria doze. Frederico Barrigana nunca seria campeão pelo FC Porto. Acumularia, até, vários 4ºs, 5ºs e 6ºs lugares. Isso não o impediu de se tornar um dos mais cantados jogadores do Campeonato Nacional e o guarda-redes portista com mais jogos na prova, só já mais recentemente ultrapassado por Vítor Baía. E, assim sendo, as portas da Selecção Nacional abriram-se-lhe como sucessor do mesmo Azevedo que tanto nele apostara. A sua estreia foi contra a Espanha, mas nesse mesmo ano de 1948, num jogo entre Portugal e a Irlanda, disputado em Lisboa, Barrigana relegou Azevedo para o banco, o que provocou, segundo consta, um tão grande desagrado no velho «leão» que este deixaria de lhe dirigir a palavra. Tal como sucedia no FC Porto, Barrigana viveu alguns tos tempos mais difíceis da Selecção Nacional. Sujeitou-se a goleadas históricas, as mais marcantes das quais em Madrid, com a Espanha (1-5), e em Viena, com a Áustria (1-9), nas eliminatórias para os Campeonatos do Mundo de, respectivamente, 1950 e 1954. Dorival Yustrich, o treinador brasileiro que acabou com a crise de títulos no FC Porto, pôs igualmente um ponto final na carreira de Barrigana nas Antas. Passou dois anos na II Divisão, com o Salgueiros, subiu à I, foi treinador do Salgueiros, do Chaves, do Académicos de Viseu, e de vários outros clubes de menor dimensão. Esteve em Angola, trabalhando com camadas jovens de jogadores, e nunca deixou de ser o «Mãos de Ferro». |