quinta-feira, janeiro 01, 2009

O primeiro grande génio do futebol português

PINGA 1909-1963

Nome: Artur de Sousa, dito «Pinga»
Data de nascimento: 30-9-1909
Naturalidade: Funchal
Posição: avançado
Clubes principais: Marítimo e FC Porto
Jogos pela Selecção Nacional: 21
Estreia: 30-11-1930, em Porto, frente à Espanha (0-1)
Último jogo: 1-1-1942, em Lisboa, frente à Suíça (3-0)

O extraordinário pé esquerdo de Artur de Sousa era letal. Com ele desfeiteava guarda-redes, estonteava adversários, libertava companheiros de equipa e alegrava o público que corria aos estádios para o ver. Nascido na Madeira, que não tem sido grande fornecedora de jogadores para a Selecção Nacional, foi no Marítimo que se tornou famoso e foi com ainda como jogador dos madeirenses que conquistou a sua primeira «internacionalização». Estávamos em 1930, e Pinga manter-se-ia como um dos favoritos dos seleccionadores durante doze anos.

A sua transferência para o FC Porto foi eivada de problemas. De um lado e do outro choveram acusações, as mais graves vindas dos dirigentes do Marítimo que acusaram os seus homólogos do FC Porto de falsificação de documentos. A sua ambientação à cidade do Porto também levou o seu tempo e foi tudo menos fácil. Mas o seu estilo de jogo era apaixonante e cativava os adeptos. Pinga tornou-se, rapidamente, numa das mais queridas personagens do FC Porto, num dos jogadores que mais profundamente entrou no coração dos adeptos «azuis e brancos». Os golos ajudavam: nos primeiros 50 jogos pelo FC Porto para a então denominada I Liga fez 50 golos.

Durante alguns anos, Pinga foi considerado pela crítica como o melhor futebolista português. Não admira, por isso, a importância que tinha na Selecção Nacional, nesse tempo já capaz de bater algumas selecções de categoria, como a Bélgica, a Jugoslávia ou a Hungria, mas ainda muito marcada pela incapacidade de bater a vizinha Espanha, o «fantasma negro» da equipa das quinas. Artur de Sousa esteve naquela jornada inglória que marcou a estreia de Portugal em jogos para o Campeonato do Mundo (uma dolorosa goleada em Madrid, por 0-9, em 1934, na fase preliminar), mas também foi o herói do empate (3-3) obtido um ano depois, em Lisboa, marcando dois golos. Só com a chegada de Travaços, uns anos depois da sua despedida, frente à Suíça, Portugal voltou a ter um interior-esquerdo da sua craveira.

Aos 36 anos, Pinga foi pioneiro nas operações ao menisco em Portugal. Ao contrário do que hoje acontece, a intervenção era complicada e a recuperação lenta e cheia de sacrifícios. Ao fim de um ano de tormento, Artur de Sousa, o Pinga, abandonava os relvados e o FC Porto sentia-se órfão de um dos maiores talentos que vestiram a sua camisola. Seria ainda treinador, conduziria o Tirsense a uma estrondosa vitória sobre o Sporting dos «Cinco Violinos», para a Taça de Portugal, e viria a morrer minado pela depressão e pelo álcool.